Sonhos, quem não os tem? A estrada que tomamos para alcançá-los difere de pessoa para pessoa, mas nada pode ser mais inusitado do que o caminho tomado pelo autor Seth Grahame-Smith. Com o sonho de um dia se tornar escritor, e tendo que trabalhar na loja de Jen e Al na pequena cidade de Rhinebeck, Grahame-Smith logo se vê preso pelas circunstâncias e a vida toma um novo rumo: casamento, filhos, contas a pagar e o sonho de ser escritor é adiado. Até o dia em que um estranho entra na loja e deixa um pacote em cima do balcão. Depois do expediente, um minuto a sós e ele não estava preparado para aquilo que ele tinha em suas mãos.
É assim, dando um ar de realidade, aos acontecimentos e se utilizando de um método literário, conhecido no mundo dos fanfics como self-inserction, que o autor nos apresenta a história de Abraham Lincoln a partir dos acontecimentos registrados em um diário escrito pelo próprio presidente. Nas primeiras páginas de “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”, o autor explica como chegou ao material que será revelado no decorrer da trama.
O enredo da história e a vida de Lincoln estão entrelaçados desde o seu nascimento. O menino incomum, que ao nascer ao invés de chorar sorrira para a mãe, vai crescer em meio à pobreza, mudando de cidade de tempos em tempos, em busca de uma vida melhor. Filho de pai ignorante e sem ambição, como ele mesmo ressalta em diversos pontos de seu diário, Lincoln vai obter seu pouco conhecimento da mãe e das poucas idas à escola que a dura vida no campo lhe permitiu.
Aos nove anos, o pequeno Abe, como é citado em todo o livro, fica órfão de sua mãe, acometida por uma febre súbita e fulminante. Vendo-se sozinho, apenas tendo a irmã e o pai, o menino dedica seus dias a trabalhar no campo. Mas os dias de solidão não duram muito, vendo o estado em que as crianças se encontravam, bem como a própria casa, Thomas, pai de Licoln, sai em busca de uma nova esposa e poucas semanas depois retorna com uma mulher e três crianças, dentre elas John.
A nova esposa do pai, que Abe jurou que nunca substituiria sua mãe, notando a capacidade intelectual do menino o estimulou. Não apenas na leitura, mas ainda mais na escrita e foi assim que Abe ganhou o primeiro diário, seu bem mais valioso. O lugar onde, dois anos depois, contaria em detalhes a noite em que seu pai, embriagado, relatou como realmente seu avô Abraham havia morrido.
Ele não fora assassinado brutalmente por índios como todos sempre acreditaram. Seu avô havia sido morto por um vampiro em plena luz do dia, na frente do seu pai. O menino teria pensado que isso talvez fosse apenas uma anedota de um bêbado, mas o pior ainda estava por vir. Incitado pela embriaguez e pela atenção do filho, Thomaz contaria uma pequena história de como ele pedira dinheiro emprestado a certo senhor Bartz para fazer algumas melhorias na propriedade e em como, meses depois, ele não teria dinheiro para saldar a dívida e como, uma noite, ele foi acordado pelo Sr Bartz, ao pé de sua cama. Desta noite, Abraham lembra, pois viu dois vultos conversando do lado de fora da casa, através das frestas da porta do banheiro. A partir daquele relato, o pequeno Abraham jurou, daquele dia em diante, que mataria todos os vampiros.
Os próximos cinco anos serviram de treinamento e estudo para Abraham. Quanto mais informações sobre seu inimigo, melhor, mas ainda faltava uma coisa. Mesmo tendo certeza de que seu pai falara a verdade naquela noite, ele precisava provar para si mesmo que seria capaz de cumprir com seu juramento. Foi então que, por meio de uma carta e fingindo-se ser o pai, que ele conseguiu atrair a atenção do Sr Bartz e trazê-lo a sua casa. Um momento de distração e ele enfiara uma estaca em seu peito. Abraham não sentiu nada ao ver aquele vampiro agonizar na sua frente até morrer.
Testada a sua capacidade em matar vampiros. Abraham passou a prestar mais atenção a conversas de visitantes e pessoas que passavam pela propriedade. Foi assim que chegou aos seus ouvidos a história do desaparecimento de três crianças em Indiana, que ele tinha certeza, pelos relatos de como as crianças haviam sido encontradas, dias depois, tinha sido obra de um vampiro. Dizendo ao pai que havia arrumado um trabalho nos arredores e que voltaria dentro de três semanas com dinheiro, Abraham saiu à caça do responsável pelos ataques. Ao chegar à região não tardou a encontrá-la e qual não foi sua surpresa ao se deparar com uma senhora, em idade avançada, carregando uma criança adormecida em seus braços. Mais surpreendido ficou ao confrontá-la e ver como facilmente a mulher o teria matado, se não fosse à intervenção de um estranho que o salvou a tempo.
Desnorteado e machucado, Abraham foi levado por seu salvador para uma casa e, com a ajuda da luz fraca de uma vela, foi capaz de ter apenas um vislumbre do rosto de seu salvador, o suficiente, para saber que se tratava de um vampiro. Após o baque da descoberta e dias de relutância, Abraham não só aceitou a ajuda de Henry, como veio a descobrir que ele se chamava, como passou a beber da fonte que o vampiro oferecia. Abraham descobriu tudo o que pode a respeito dos vampiros e, ao voltar para casa, estava bem preparado para seu propósito do que em todos os anos que passara treinando sozinho. Estava, enfim, pronto para começar a caçada.
“Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros” possui uma narrativa fluida. Feita inteiramente em terceira pessoa, e contando sempre com o apoio de recortes do suposto diário de Lincoln, o livro não apenas envolve o leitor como também é capaz de recontar a história da guerra civil americana por um ponto de vista completamente novo.
Quem poderia imaginar que a origem de tudo, e do Presidente mais lembrado da história americana, seria uma caçada contra vampiros? Grahame-Smith tem aqui o mérito de ter conseguido costurar história e ficção e tornar Abraham Lincoln não apenas um herói por sua trajetória, mas para ser lembrado também como o maior caçador de vampiros que já existiu. Esta não é a maior obra literária já produzida, e para os historiadores é completamente desprovida de créditos, mas como ficção consegue entreter aqueles que estão em busca de uma nova narrativa, um novo ponto de vista, sobre os vampiros.
O filme está em cartaz no Brasil e conta com direção de Timur Bekmambetov (“O Procurado”) e produção de Tim Burton (“Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”). O elenco traz nomes como Benjamin Walker (“A Conquista da Honra”), na pele do destemido Abraham Lincoln, Dominic Cooper (“Capitão América – O Primeiro Vingador”) e Mary Elizabeth Winstead (“Duro de Matar 4.0”).
Fonte: cinemacomrapadura.com.br
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