quarta-feira, 25 de julho de 2012

Entrevista da Revista URB com Mike Shinoda sobre o ‘LIVING THINGS’

 INTERVIEW :: Mike Shinoda of Linkin Park

A Revista URB sentou com Mike Shinoda do Linkin Park e o entrevistou sobre o novo álbum LIVING THINGS. Shinoda falou sobre o som do novo álbum, perguntaram a ele sobre o A Thousand Suns e o Minutes to Midnight. Ele fala também sobre a motivação e inspiração para o LIVING THINGS, Rick Rubin, as letras, e muito mais. Leia a entrevista completa abaixo:

 
Revista URB: Entrevista com Mike Shinoda do Linkin Park




Algumas estatísticas antes de começarmos: mais de 50 milhões de álbuns vendidos em 12 anos, status de platina em sete países pela colaboração com um dos maiores MC’s do hip hop, 34% de nomeações a prêmios – assim como a Beyoncé – e além de tudo isso, é um ardente e atencioso suporte para os desastres nos Estados do Golfo, Indonésia, Haiti e Japão. Não importa o lado da residência musical em que você reside, não tem como negar que Linkin Park atingiu um status altíssimo em múltiplos gêneros, e o segundo vocalista Mike Shinoda reside no epicentro desse sucesso.
No mês passado, a banda lançou seu quinto cd, Living Things. Co-produzido por Mike Shinoda e Rick Rubin, o álbum é decididamente mais pessoal e menos político do que o de 2010, A Thousand Suns, um álbum que apurou os ouvidos para música eletrônica com faixas como “Blackout”, “Wretches and Kings” e “When They Come For Me”. Depois de tocar no Nokia clube nos X-Games de verão, lugar com capacidade para 2.300, Shinoda refletiu sobre o novo álbum, a parceria com Rick Rubin e a constante justaposição do LP quanto à arte e música.



Se o “A Thousando Suns” teve um sentido bem pós-apocalíptico, o que você diria sobre o Living Things? É como um renascimento?

Mike Shinoda: Nos outros álbuns, nós estabelecemos um som, abandonamos aquele som para experimentar uma variedade de outras coisas, e depois fizemos uma longa caminhada até chegarmos a um álbum conceitual. Mas uma coisa que sempre permaneceu constante foi a ideia de colocar diferentes estilos juntos. Esse é o motivo de nosso nome original ter sido Hybrid Theory. Neste álbum, nós juntamos todos os sons contrastantes dos nossos outros álbuns em cada música. Mas no processo, nós ainda achamos tempo para experimentar muitas coisas novas.


Você me disse que você voltou a usar alguns equipamentos clássicos como seu MPC1000 no último álbum. Você também disse que foi influenciado na escola antiga de rap. Esse álbum é diferente, tem mais punk rock. Eu ouvi isso especialmente na música “Victimized”. Foi algo que você estava trabalhando conscientemente com esse álbum?
MS: Nós trabalhamos nesse álbum por mais ou menos um ano. Durante um ano, muitas inspirações e mudanças de motivação acontecem. Eu acho que muitas das demos vieram das coisas que eu fiz no meu laptop misturadas com experimentos no estúdio. Eu acho que um ponto de inspiração foi a compilação folk que Brad e eu trouxemos, isso foi gravado nos anos 20 e 30. Nós pensamos, “muitas bandas fizeram cover e referenciaram essas coisas ao longo dos anos. O que podemos fazer que essas bandas não fizeram?” Nós começamos a misturar isso com coisas diferentes – como o som eletrônico enérgico e sons alternativos – e nós gostamos de como isso soou. Foi tipo, “Bom, como seria o som de The Carter Family misturado com Refused e com Death Grips?”


Os sons de sintetizadores neste álbum soam mais esperançosos e menos “mau presságio” como no A Thousand Suns; é mais cintilante, mais animador. Isso foi um esforço para mudar a emoção nos seus equipamentos?
MS: Isso é interessante. Talvez tenha sido algo intuitivo. Nós todos ouvimos histórias de pessoas que dizem, “Eu sonhei uma música, acordei e escrevi”. Essas pessoas pensam o que a música será, aí eles escrevem e gravam com um propósito específico. Este é o oposto do que fazemos. Nós fazemos uma música mais como uma linha desenhada, onde você só coloca a caneta no papel e vê aonde isso te leva. Nós deixamos o inconsciente nos guiar a maior parte e depois paramos quando chegamos ao lugar que queremos.


O que inspirou você a fazer a audição desse álbum nos Estúdios Sonos? Eu estava no show de laser no Fonda para o A Thousand Suns, e os dois eventos – embora um pouco diferente na execução – realmente enfatizaram a conexão entre arte, música e experiência. Por que é tão importante para o LP entregar seus bebês ao mundo dessa forma?
MS: Primeiramente, eu amo Sonos. Isso mudou literalmente o jeito que eu escuto música, então fazer o evento foi fácil pra mim. No evento atual, a companhia Goodsmile fez o espaço físico e organizou a performance baseada no visual que nosso time de arte criou. As pessoas verão a mesma arte em tudo relacionado ao Living Things: encarte, nas turnês, online, enfim, em tudo. Eu sou graduado em ilustração, então a parte visual dos nossos álbuns são muito importantes para mim. Eu acho que estamos ficando melhores em criar uma experiência imersiva com cada álbum, ao longo dos anos.


Embora eu ache que vocês ganharam novos fãs com o último álbum, este ainda teve uma tépida recepção pelos fãs antigos. Agora que vocês estão a um ano e meio depois do ATS, o que você acha que foi, especificamente, que as pessoas não gostaram?
MS: Nós sabíamos que isso iria acontecer antes mesmo de terminarmos o álbum. Nós sabíamos que teríamos que aceitar este fato para podermos lançá-lo. No passado, nós fizemos muitas experiências no estúdio que nunca veriam a luz do dia. O “A Thousand Suns” foi diferente. Nós sabíamos que foi por aquela música que tínhamos nos apaixonado, e ainda estamos. Eu acho que o ATS foi uma expansão criativa, e eu acredito que foi mais bem recebido pelas pessoas que realmente conheciam os processos de escrever músicas e gravar. Isso foi quase uma experiência psicodélica, tivemos que mergulhar fundo para conseguir esse som.
Mesmo olhando para a lista de músicas, a primeira metade é mais instrumental do que vocal. O álbum não tem singles feitos para rádios, ele foi feito para ser uma longa jornada. Ele é sobre assuntos pesados como guerra nuclear e perigo ambiental, e foi feito preferencialmente em experimentações de estúdio, mais do que guitarras pesadas, e ouvir esse som vindo de nós chocou as pessoas. É preciso um abandono da bagagem do Linkin Park, o que era pedir muito para os fãs convencionais da música, ou até mesmo os fãs de Linkin Park em alguns casos. Não teríamos sido capazes de fazer o Living Things sem ter feito o A Thousand Suns.



Quando você trabalhou com Rick Rubin no ATS, foi importante para ele vocês jogarem fora as convenções sonoras do antigo LP, tudo deveria ser personalizado e único. Living Things e ATS compartilham mais similaridades sonoras do que, por exemplo, ATS e Minutes to Midnight. Eu vi e ouvi criativos paralelos entre esses álbuns. Quando vocês se sentiram bem para revisitar o passado? E vocês sempre olharam pra trás com muita freqüência?
MS: Isso foi importante pra ele, e igualmente importante para nós. Recentemente nós adotamos esse hábito de fazer e ouvir nossos sons favoritos feitos por nós mesmos, o que ajuda a dar personalidade a cada um. Tem algumas escolhas de sons no álbum – usualmente eletrônica – que você sabe que é atual, mas esses novos sons são muitas vezes justapostos contra os sons clássicos, como guitarras, bateria e piano. Além disso, não é apenas sobre os equipamentos. O mesmo equilíbrio teve que ser encontrado no arranjo, na estrutura e nos vocais. Esse foi o foco que ficou no nosso radar o tempo inteiro.


Você nunca quis dar um abraço no Chester e dizer a ele que tudo vai ficar bem? As letras que o cara faz são tão profundas que o álbum deveria vir com um colete salva vidas.
MS: (Risos) Ele definitivamente tem o dom de ir lá no fundo e trazer sangue e raça de um vocal, e eu sei as histórias por trás das músicas; aquelas as quais não falamos. Nós escrevemos e gravamos as letras juntos, então temos que saber sobre o que o outro está cantando. Para o álbum, Chester pessoalmente lida muito bem com as emoções e as histórias, nós dois sabemos a catarse que sentimos quando escrevemos uma música que captura as emoções de uma dessas histórias. E nós dois gostamos muito da conexão que sentimos quando os fãs que passaram por situações similares estão cantando a música em um show.


Eu sei que você tem sido um fã da URB, especialmente vindo de LA. Você lembra sua primeira experiência com a URB? Como você se conectou com a revista quando você estava crescendo?
MS: Não tenho certeza da primeira vez que ouvi falar sobre a URB. Deve ter sido nos anos 90, quando era sobre a cultura DJ e a nova cena musical com música eletrônica, hip hop e dance. Em anos recentes, quando músicas eletrônicas começaram a se destacar, eu pensei naqueles tempos quando eu ouvi essas coisas em raves nos anos 90. Eu não ia pra muitas, mas eu era curioso, e eu lembro de olhar a URB para ver o que era “novo”.


Fonte: mikeshinodaclan.com

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