quarta-feira, 28 de março de 2012

Buzzine Entrevista Mike Shinoda sobre The Raid: Redemption

Izumi Hasegawa da Buzzine Film entrevistou Mike Shinoda recentemente sobre The Raid: Redemption, eles conversaram sobre como o tom da trilha foi estabelecido para encaixar bem no filme, quando Mike se envolveu com o filme, como foi trabalhar com Joseph Trapanese, se ele gostou de trabalhar na trilha, o que vem por aí para o Mike etc. Leia a entrevista completa abaixo:

O novo filme de indonésio de ação e artes marciais, The Raid: Redemption, ganhou traços americanos. O público não se cansa das cenas de ação sem cortes e emoções tensas dessa joia do exterior.


Mike Shinoda do Linkin Park, criou uma trilha para o lançamento Americano que estreou no Sundance Festival 2012. O artista multi-talentoso não é apenas um DJ e rapper, mas também um artista gráfico. Izumi Hasegawa recentemente sentou com Shinoda, para discutir os aspectos técnicos da criação de uma trilha tão poderosa.
Izumi Hasegawa: Como você conseguiu que a trilha complementasse a coreografia visual?


Mike Shinoda: Não nos informaram qual era o ritmo das lutas. É um ritmo muito solto e você tem que interpretá-lo. Então, tivemos de encontrar o ponto em que sentimos que fosse coerente com o que estava acontecendo no cenário. Uma coisa que fizemos no início para realmente estabelecer um tom, quase como uma personalidade para a música como um todo, foi criar uma paleta de sons. Ou seja, se pensarmos em uma pintura, você escolhe usar determinadas cores e opta por excluir outras, certo? Então, logo de cara, sem guitarras. Não vamos usar guitarras. Se vamos usar instrumentos orgânicos, como cordas e piano, então, só vamos usa-los quando nós estivermos falando sobre um elemento familiar – quando estamos falando sobre irmãos ou gravidez ou coisas assim. Você realmente não vai encontrar aqueles sons em outro lugar.


E, quanto mais fomos adiante, começamos a perceber que não criamos apenas alguns temas musicais que se encaixavam em personagens diferentes, mas alguma coisa se estava entre a trilha e a sonoplastia. Tinha certos sons que representavam um personagem, então você pode apenas usar o som em certos lugares. Você tem que manipular o som para criar algo musical mas independentemente disso, mesmo que você apenas pressione o botão “1″ no teclado do sampler quando ouvíssemos aquele som, iríamos dizer, “Oh, nós sabemos exatamente quem é.” Porque foi desse jeito que ele foi usado na trilha.
IH: Em que estágio você começou a se envolver?


MS:Os caras tinham uma trilha diferente até o momento. Eu recebi um telefonema da Sony e o senhor me informou sobre o filme, ele disse que Gareth e a Sony gostariam que eu fizesse a trilha, o que era algo que eu não tinha feito antes. Eu participei em algumas trilhas, mas nunca tive a trilha de um filme inteiro feita por mim. Quando o Linkin Park fez o material para o Transformers 2, eu me envolvi com a trilha, mas tive apenas uma pequena amostra e fiquei bastante animado. E as coisas que os caras citaram quando conversaram comigo sobre isso foi.. bom eles mencionaram o trabalho solo que eu fiz, chamado Fort Minor. E eles mencionaram dois remixes que eu tinha feito. E todas essas três coisas, eu fiz para me divertir. Não tinha nenhum rótulo envolvido, sem nenhum prazo envolvido. Eu estava apenas entediado em uma tarde, para ser honesto. Então eles praticamente me falaram, “Ei, você quer vir se descontrair, se divertir e fazer isso para esse filme?” E essa primeira trilha, soou como uma oportunidade de sonho pra mim. E na verdade, acabou sendo tão divertido, como eu pensei que seria.


IH: Como a sua linhagem asiática afeta esse filme, e como você apresentou esse projeto para os fãs do Linkin Park?
MS: Talvez tenha sido muito subconsciente. Eu não penso nisso conscientemente, pelo menos. Algumas coisas que eu costumava assistir e que aconteceram comigo quando eu era criança, como sempre acontece, eles entraram e começaram a brincar enquanto eu estava fazendo coisas para esse filme. E em particular, tem uma cena no final do filme – a grande cena com Mad Dog na sala com a luz fluorescente. E hoje lembrei de quando eu estava crescendo aqui em Los Angeles, em Little Tokyo, eles têm uma festa de Ano Novo todo ano onde eles apresentam música tradicional, artes marciais tradicionais japonesas e, claro, comida, festa e tudo mais. Mas tem uma coisa que acontece quando eles fazem as demonstrações de artes marciais. Se tiver música, ela acontece antes ou depois, você pode ouvir do outro lado da rua o que está acontecendo. E eu acho que de alguma forma isso influenciou essa parte – que deixa os elementos tradicionais acontecendo ali, provavelmente veio de algo assim. É quase como os tambores taiko, mas não é. E, claro, para torná-lo fiel à personalidade da trilha que estávamos fazendo, nós os misturamos com elementos digitais mais afiados. E essa é a personalidade em foco nessa trilha. Tudo isso foi para explicar que quando eu faço música, ela apenas surge; é muito intuitivo, é muito natural… Se isso soa familiar, se isso soa como Linkin Park para você, então provavelmente é porque o cara por trás é o mesmo. [Risos] E por causa disso, acho que se os fãs do Linkin Park gostarem de filmes de ação como esse, eles definitivamente irão gostar de The Raid.


IH: Você gostou de trabalhar nesse tipo de filme?
MS:Foi muito divertido fazer música pra esse filme, porque você tem que ter um senso de humor para entender e ver esse tipo de coisa, como muitas vezes fizemos e nos divertimos o tempo todo. E a única coisa que percebemos quando estávamos trabalhando nele, é que você vê as cenas mais e mais e mais vezes. Tenho certeza de que para Joe (Trapanese) mais do que para mim, por ele ter feito mais filmes e mais coisas como essas, foi muito tranquilizador ter assistido essas cenas aos pedaços mais e mais vezes, e para que tudo não ficasse muito conhecido ou para que a magia não esfriasse. Mesmo quando estávamos trabalhando já no final processo, ainda era uma coisa muito emocionante e acho que gostei do início ao fim.


É muito diferente de escrever uma música para um álbum. Uma coisa que eu faço naturalmente e suponho que seja bem conhecida na nossa banda, são os ganchos – as coisas que você se lembra, mesmo que tenha ouvido a música só uma vez, você vai embora cantando. É algo mássico quando se trata de fazer músicas para um álbum e isso pode matá-lo quando se trata de uma trilha, porque no momento em que algo legal está acontecendo na tela e você faz algo totalmente atraente por trás, as pessoa vão se distrair. E já que é o que eu faço todos os dias, nos primeiros dias de trabalho em The Raid, eu estava procurando o meu equilíbrio e aprendendo mais sobre moderação, provavelmente mais do que eu tinha imaginado. Eu realmente tive que parar e dizer: “Tudo bem, tem certos momentos nesse filme que isso vai ser útil, que a música vai ser um personagem e vai para a etapa seguinte. E em outros lugares eu preciso exercer um papel de apoio e me certificar de que a visão de Gareth esteja intacta e que eu não estou chamando mais atenção.”


IH: Qual foi a dinâmica entre você e Joe?
MS: Definitivamente uma das partes mais importantes do processo foi o fato de que depois de ter selecionado nossa paleta de sons, eu infelizmente tive que sair para a turnê. Na época eu fui para a turnê, na Ásia de fato, e eu sabia que eu precisa ter alguns trabalhos prontos. E eu realmente acabei fazendo um tom de esboços e demos basicamente da minha memória, das cenas favoritas que eu me lembrava. E o que foi criado – a cena leva a uma versão mais abstrata e mais simples. Porque eu não ia lembrar exatamente o que acontecia ou como ela se desenrolava, mas eu podia escrever um tema para esse momento com base na minha memória. E eu fiz isso no carro, no caminho para os shows. E literalmente, em alguns casos, eu poderia estar sentado esperando o avião; poderia estar sentado no quarto do hotel; poderia estar dirigindo meu carro no caminho de volta depois de um show e pegar meus fones de ouvido e meu laptop e começar a colocar algumas coisas juntas. E até o fim dessa turnê, tivemos demos de – quase tudo – quer dizer, eu diria três quartos do filme. Eram as versões mais simples de cada sugestão, mas ao mesmo tempo, eu tinha que mandá-las de volta. E quando eu voltei pra casa, eu as entreguei para o Joe e reconstruímos cada umas delas diferente de como estão agora.


IH: O que você aprendeu do Joe?
MS: É surpreendente – viemos de origens musicais semelhantes. Nós começamos no piano. Eu fiz mais de dez anos de teoria musical; minha formação é clássica. Essencialmente, eu amava hip-hop, então eu comecei a fazer algumas produções de hip hop e aprender como gravar músicas e é aí que nossos caminhos se dividem. À partir daí, depois que comecei a entrar em produção e coisas assim, eu comecei a fazer batidas, fazer hip hop, fazer rock, fazer meu próprio material que iria coincidir com os meus tipos favoritos de música. Para trazê-lo de um círculo completo, embora, nesse momento com a banda, temos solicitações todo o tempo para colocar nossa música, nossas canções em um filme. E apenas ocasionalmente, se alguém perguntar se eu quero me envolver em uma trilha e eu recusar, talvez eu faça isso por vários motivos, principalmente porque eles não se encaixam na programação com o Linkin Park ou eles simplesmente não me deixam animado, não parecem ser tão interessantes ou divertidos. E claramente, como eu disse antes, esse filme tinha algo mais, parecia um bom momento e uma boa ocasião para aprender mais sobre trilhas, e é por isso eu trouxe Joe a bordo, mais do que apenas por um fluxo de trabalho. Embora seja bom saber como configurar as faixas e coisas assim. Mas mais do que isso, era sobre a abordagem. Houve uma abordagem. E nós dois tínhamos perspectivas diferentes e o fato de ter diferenças nas perspectivas, ajudou bastante no que acabou sendo a trilha.


IH: O que você tira dessa experiência?
MS: Acho que eu tenho tendência para músicas sombrias; tenho tendência para filmes sombrios, não porque eu sou uma pessoa sombria. De fato, eu provavelmente sou o contrário. Tem uma coisa com a qual as pessoas sempre brincam, na maioria das vezes quando estamos fazendo esforços com a banda no Music Relief, temos uma ótima relação com a ONU, ou quando estamos fazendo coisas pelo Habit for Humanity. As pessoas, quando vamos a esses eventos, elas gostam de fazer piadas, como se estivéssemos lá para deprimir – como se estivéssemos levando elementos depressivos ou algo assim. [Risos] Uma das minhas coisas favoritas que aconteceram, foi quando fomos a um desses eventos e estávamos falando sobre ajudar as pessoas no Haiti, trazendo energia limpa para as pessoas que não têm e o MC da noite começou basicamente a ler algumas letras do Linkin Park para nos apresentar. Falando tipo, “Ninguém está me ouvindo, eu não vou ser ignorado, eu estou prestes a explodir.” E coisas assim, tipo coisas super negativas.


E uma coisa que eu acho engraçado nisso, é que isso é apenas o tipo de coisa que eu gosto de ouvir e talvez o que funcione bem nisso seja o fato de atrair pessoas com gostos semelhantes ou pessoas que podem ter de lidar com conflitos. E existe algo purificante em fazer isso, seja em uma música ou em um filme como esse. Eu não vou ver ou ouvir essas coisas, porque eu quero meditar em alguma energia negativa. Eu vou porque é engraçado e divertido. Existe algo purificante nisso, e no processo, é muito real; você pode ver lá no filme. É engraçado. Tem algo que é divertido sobre isso e que faz com que você ria no final do filme, ou no final do dia. Eu não sei. Eu também deveria dizer, só porque estamos falando sobre tudo isso, eu definitivamente devo falar ‘obrigado’ ao Gareth (Evans) por ter me dado a oportunidade de fazer minha primeira trilha, porque eu realmente me diverti. Foi uma ótima experiência. Então, para mim, fazer outra seria realmente divertido e eu não sei para onde ele vai depois que isso tudo acabar, mas ele nos deu muito espaço para sermos criativos, e nos deu espaço para fazer algo que eu espero que complemente o filme, e isso foi original e interessante.


IH: O que você fará a seguir?
MS:No momento, estamos trabalhando para conseguir lançar a trilha sonora deste filme. Mais informações estarão no MikeShinoda.com e no LinkinPark.com. E depois disso, vamos ter um novo álbum do Linkin Park saindo no meio do ano, esse ano. Também estaremos fazendo a turnê do álbum.
‘The Raid’ da Sony Pictures Classics, foi lançado nos cinemas em 22 de Março de 2012.


Fonte: mikeshinodaclan

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